O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca, fala sobre as ações de promoção do setor no exterior e as perspectivas para 2010.
A valorização do real frente ao dólar colocou alguns setores do agronegócio brasileiro em uma situação delicada, com queda de receitas e volume exportado. O que as empresas têm feito para driblar este momento adverso?
Em 2008 as empresas puderam compensar os momentos de desvalorização da moeda americana com a alta dos preços da carne no mercado exterior. Com a crise houve um recuo muito grande na demanda e no preço, e conseqüentemente houve queda nas exportações. Como o mercado interno do Brasil ainda é o principal destino da produção de carne bovina dos nossos frigoríficos, houve uma transferência para o mercado nacional. Uma estratégia importante é buscar aumentar volume em mercado com preços mais atraentes com a União Européia e parceiros tradicionais como o Chile. Mas um grande passo que o setor deu em 2009 foi conquistar a desoneração dos tributos PIS e COFINS. Com a nova forma de contribuição, a cadeia produtiva terá um alivio nas contas cujas margens são muito apertadas.
Quais as perspectivas da Abiec para o setor em 2010? Há expectativas de retomada nos volumes exportados para os mercados que contraíram suas compras em 2009?
Em 2009 as exportações devem recuar em cerca de 20%, em função da crise econômica. Mas o setor espera retomar o volume da exportação a partir do segundo trimestre de 2010.
Assim como ocorre em outros setores do agronegócio brasileiro, a grande maioria das barreiras impostas à carne brasileira decorre de pura falta de informação sobre as reais condições de criação e abate existentes no país. Que medidas a Abiec adota para melhorar a comunicação e o marketing da carne brasileira lá fora?
A Abiec firmou convênio com a Apex em 2001. Ao longo destes oito anos a entidade tem participado das feiras mais importantes de alimentação do mundo. A Abiec reserva espaços nas feiras de Anuga, na Alemanha e na Sial Paris. Ao lado dos nossos frigoríficos montamos uma churrascaria para receber clientes, autoridades, jornalistas e formadores de opinião. Em todas as feiras são feitas degustações para os visitantes. Além das feiras, a entidade realiza workshops em mercado que tem potencial comprador. Também oferecemos churrasco nos workshops. A carne brasileira está presente em todo o mundo. Ao lado do governo brasileiro temos levado informações para nossos compradores. É preciso ficar atento, porém, às contra-informações de concorrente com o objetivo de denegrir nossa imagem. Em muitos casos alguns países disseminam informações levianas para nos atingir.
O que está faltando para que o Brasil implante a rastreabilidade bovina em seu rebanho?
O Brasil faz ratreabilidade para exportar a União Européia. Com um país de dimensões continentais, não é de um dia para outro que o rebanho de 190 milhões de cabeça de gado estará todo rastreado. Mas a Abiec, as associações de produtores e o BNDES estão em conversas constantes para viabilizar um projeto que possa ser viável na prática. Assim, poderemos, inclusive, acabar de uma vez com a idéia de que a pecuária desmata a Amazonia.